Por Henrique Lima
Cá estamos de novo com a teoria de que o diretor brasileiro Carlos Saldanha levava bomba nas provas do ensino fundamental. Matéria da vez: Biologia. Só isto para justificar a inclusão de flamingos na fauna brasileira no seu novo filme, Rio. Mas convenhamos, somente um ornitólogo ou um chato de galocha se incomodaria com isto - ou teria a ocupação em detectá-los em meio a tantas aves. Afora este mínimo detalhe, Rio é um filme delicioso. Uma animação despretensiosa e bastante movimentada que traz bem impressa a assinatura de seu diretor, o brasileiro mais bem sucedido em Hollywood.
Cá estamos de novo com a teoria de que o diretor brasileiro Carlos Saldanha levava bomba nas provas do ensino fundamental. Matéria da vez: Biologia. Só isto para justificar a inclusão de flamingos na fauna brasileira no seu novo filme, Rio. Mas convenhamos, somente um ornitólogo ou um chato de galocha se incomodaria com isto - ou teria a ocupação em detectá-los em meio a tantas aves. Afora este mínimo detalhe, Rio é um filme delicioso. Uma animação despretensiosa e bastante movimentada que traz bem impressa a assinatura de seu diretor, o brasileiro mais bem sucedido em Hollywood.
Rio  é um filme que, como o título entrega, é ambientado no Rio de Janeiro.  Como bom brasileiro (e carioca), Carlos Saldanha pintou a cidade  maravilhosa com as suas reais cores e mostrou o Brasil que é vendido lá  fora. Para a patrulha do politicamente correto, o diretor estereotipou  nosso país. Mostrou um país alegre e cheio de ginga montado na dupla  dinâmica samba/futebol. Um país que pára para ver um jogo da Seleção e  um país que esquece os problemas internos e externos durante 4 dias  ininterruptos para pular carnaval. Triste visão estrangeira. Mas, e ele  por acaso mostrou alguma inverdade? Fora daqui ninguém estereotipa o  Brasil, nós é que o fazemos desde a época do descobrimento. Nós mesmos é  que passamos uma imagem irresponsável para os outros países. E depois  que eles vêm nos mostrar quem somos queremos dizer que não somos assim.  Por favor, francamente. A intenção de Saldanha foi mostrar de forma  apaixonada - e não demérita - quem realmente somos. E uma coisa é certa:  da primeira a última cena, Rio é uma declaração de amor ao Rio  de Janeiro. A animação é tão perfeita que cidade parece ser real. Todos  os seus detalhes e pontos turísticos estão lá. E claro, não poderia  faltar o samba para deixar a cidade ainda mais bela e alegre. 
Rio  conta a história da arara azul Blu. Após um tráfico de animais  desastrado, ele vai parar ainda filhote nos EUA, onde passa a ser criado  por Linda. Como a maioria das aves criada longe do habitat natural, Blu  não tem instintos e vive uma relação de dependência com sua dona. Até  que aparece Túlio, um especialista em aves que deseja que Blu vá ao  Brasil para procriar com a última fêmea da espécie. E é chegando ao Rio  que a aventura começa. Ao conhecer Jade, a arara fêmea criada em  cativeiro, Blu se vê envolvido numa imensa confusão. Os dois são  seqüestrados, acorrentados, fogem e pouco a pouco vão se conhecendo e  aprendendo um com o outro que instinto natural e criação caseira podem  andar de mãos dadas. E, óbvio, se apaixonam. Mas antes de chegar lá eles  tentam escapar da cacatua Nigel, e a medida que o despistam vão nos  levando num passeio pela cidade e esbarrando em algumas figuras bastante  excêntricas, e por que não tipicamente cariocas, como o canário Nico, o  tucano Rafael e o Buldogue Luis. Além de um bando abusado de sagüis  ladrões de turistas - se você como eu entendeu a analogia preconceituosa  que fique apenas entre nós. O Rio de Janeiro de Rio é uma  cidade quase etérea, onde até as favelas ganham certo glamour. Saldanha  mostra a cidade em todo o seu esplendor ao longo da aventura e ampara  tudo numa trilha sonora bem sambista (com direito a cantoria e tudo!)  com algumas pitadas de bossa nova. O diretor nos insere entre as aves,  nos conduzindo até a Marquês de Sapucaí para um clímax apoteótico,  deixando a peteca cair só no final com um desfecho feliz bem moralista  (oi, ainda é uma animação para crianças!). Um ponto interessante a ser  dito aqui, é que, diferente de A Era do Gelo que é uma animação com peso na comédia, Rio  é um pouco mais contido no humor. Saldanha se distancia do estilo da  trilogia que o consagrou para focar mais nos sentimentos e na  humanização dos personagens, remetendo a outro trabalho magnífico seu, Robôs. Todavia, as cenas engraçadas são de rolar de rir (espere para ver a inserção da música ‘Say You, Say Me’ de Lionel Ritchie). Rio  é uma animação norte-americana com corpo e alma brasileiros. Leve e  divertida, agrada a todos os públicos. E quanto aos flamingos? Bem,  caíram no samba como todo mundo. 
Nota: 9,0 e concordo. 

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