No meio do ano passado, Quentin ligou para seu produtor Lawrence Bender dizendo que tinha terminado o roteiro de Bastardos Inglórios, projeto que tinha engavetado desde suas gerências em vídeolocadora, e queria aprontá-lo antes de Cannes. Bender suou frio e disse que sim (por que não né gente). Eles tinham em torno de 10 meses para fazer todo o filme, de sua pré-produção até sua pós-produção, a mágica começou.
Aplaudido de pé no Festival de Cannes 10 meses mais tarde, Quentin Tarantino criou mais uma obra prima (citado com louvor pelo personagem interpretado por Brad Pitt, o Coronel Aldo como o último suspiro da película), intrínseca e ao mesmo tempo com o selo Tarantiniano.
Com um elenco de primeira, Brad Pitt (Aldo) lidera um grupo temido pelos nazistas que o chamam (carinhosamente) de “Bastardos”, que matam com muita gana todos que tem uma suástica em algum lugar do corpo, e se não tiver, crava-se na testa o símbolo indagando querer sempre identificar um nazista quando não uniformizado.
Hans Landa (Christoph Waltz), um dos melhores personagens que Tarantino criou (no seu contraste de um assassino cruel beber leite como se bebe água com aquela sede) é um coronel desconfiado, conhecido como o “Caçador de Judeus” que vê a linda Shosanna Dreyfus (Mélanie Laurent) escapar de sua ira aparentemente educada para que mais tarde, a própria Shosanna gerenciar um cinema no centro de Paris. O “bicho esquenta” quando o cinema da Shosanna servirá de palco para a pré-estréia do filme “O Orgulho da Nação” onde o personagem interpretado por Daniel Bruhnl que massacra vários oponentes num desfile de imagens que faz Hitler pular da cadeira.
O filme transita no que tem de melhor e sensacional no cinema, com homenagens extraordinárias à Sérgio Leoni, John Ford, François Truffaut, John Wayne etc. Com canções que ele soube colocar em cenas de maneira única e fértil onde na trilha participa um Ennio Morricone empolgadíssimo. (Detalhe, a cena inicial com aquele fundo musical e aqueles planos que lembram o "Era uma Vez no Oeste" é de arrepiar). Como um mestre das imagens que saboreia da vingança de seus personagens (que foi levantado em pauta nos principais jornais e revistas daqui do Brasil a questão da vingança) com estilo o qual já vinha inquietamente com Kill Bill, um açucarado desespero gritante de que o cinema é esta jóia que poucos lapidam com esta segurança e certeza de que ele não falhará aos olhos do cinema, e que o público que se dane. Além de fazer meras citações (que não deixam de ser homenagens) aos grandes cineastas Europeus no período da Guerra dando credibilidade ao que era o cinema naquela época com um trabalho de pesquisa bem verossímil para não contrariar os mais puristas, como G.W. Pabst e Leni Riefensthal. Um final EXTRAORDINÁRIO e frases (daqui a pouco jargões) que demorarão a sair de nossas cabeças, Bastardos Inglórios pode-se dizer que é a obra-prima do novo cinema mundial e que estas novas mentes terão que se curvar a um novo mestre.
Quando eu crescer, quero ser que nem Quentin Tarantino, por que não!