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O EXTERMINADOR DO FUTURO: A SALVAÇÃO POR HENRIQUE LIMA

Henrique Lima fala sobre o filme mais caro do ano e o porque dele ser tão barulhento. E se faz tempo que você viu os outros três filmes, confira, só para refrescar a memória.


McG é o Dr. Victor Frankenstein do cinema. Ao ser escolhido para ressuscitar a franquia Terminator, o diretor se encheu de excitação, fascínio e admiração pelo posto que assumira, se dedicou ao máximo a labuta e obrigou o mundo a se orgulhar do que concebeu. O resultado porém, tal o monstro de Frankenstein, é ao mesmo tempo impressionante e assustador. McG deu vida a O Exterminador do Futuro: A Salvação montando-o com pedaços dos outros três filmes da saga. O 4º filme é descaradamente o novo começo da franquia, agora situada no futuro já plantado por James Cameron há 25 anos. E ao ver aquele corpo morto na íntegra (o futuro apocalíptico dominado pelas máquinas) caminhar pela tela, dá até para ouvir o grito empolgado do doutor, digo, do diretor: ‘It´s alive!’É clara a ambição dele em fazer de T4 uma obra que fugisse do rótulo fácil de “filme de verão” e tentar provar de uma vez por todas que consegue fazer algo melhor que As Panteras. O resultado, como já falei, empolga e decepciona. Ao recomeçar a saga de um ponto interessante (o futuro), McG tentou realizar uma continuação independente, isto é, uma seqüência que, apesar da cronologia confusa de datas, poderia viver sem seus antecessores. Entretanto, o mal que assola Hollywood – aquele que obriga os grandes filmes a abrir espaço para a já certa continuação – manda toda sua independência e originalidade pelo ralo. Seqüências têm que surpreender ao serem o que são, e não precisam necessariamente trazer derivados na sua cola. Mesmo assim, McG dirige o filme com uma sinceridade admirável; controla todo aquele histrionismo peculiar que lhe deu fama de exagerado e consegue transmitir todo o carinho que tem pelo material ao conduzir a trama com maestria. Até Danny Elfman com seus acordes eloqüentes mantêm-se discreto ao reger a trilha sonora.Mas o futuro da saga, literalmente, é algo complexo de se lidar e McG, infelizmente, ainda não é um diretor de cacife para lidar com tamanha complexidade. Seu Frankenstein claudica e não é pouco. Uma das coisas mais legais dos filmes anteriores, principalmente dos dois primeiros, era a tensão ininterrupta, o fato de algo praticamente indestrutível estar na cola dos protagonistas o tempo inteiro, sem trégua, sem descanso, e a ação espetacular vinha desses momentos de correria. Neste não há aquele suspense angustiante, não há mais a esperança vã de que o futuro possa ser mudado. Já estamos nele e a guerra entre humanos e máquinas é concreta. O óbvio toma conta da batalha. As cenas de ação são bem coreografadas (vide a seqüência com as motoexterminadoras), mas fogem do controle às vezes. Existem porque tem que existir (ora bolas, é um filme de ação!), só que não fazem mais parte do contexto da história.John Connor agora assume o posto de líder ao qual tanto profetizaram e Christian Bale segura bem este legado. Mas é na grata surpresa Sam Worthington que repousa toda a alma do longa. Seu Marcus Wright é o ponto de equilíbrio da guerra. Mezzo humano, mezzo máquina, ele mescla bem a humanidade hipócrita dos sobreviventes com a sagacidade e sensatez fria dos robôs. E por incrível que pareça, demonstra mais humanidade do que todos ali. À parte disso, McG também aproveita alguns momentos para homenagear James Cameron. Peraí, homenagear? Por favor, o filme é uma continuação de fatos não uma refilmagem. Ninguém morreu, não há necessidade de se copiar cenas de outros filmes como forma de respeito ao criador. O filme em si, por existir, já é uma homenagem. Bastasse isto. Até a ponta do T-800 “interpretado” por Schwarzenegger parece mais um tributo do que algo realmente essencial à história. O Exterminador do Futuro: A Salvação diverte muito, mas McG ainda vai ter que ralar bastante para chegar ao PhD de Cameron. Só que depois desse Frankenstein que ele criou e depois de sua conclusão esperançosa e piegas, não é de espantar que ele venha com um A Noiva de Frankenstein na próxima. Hum...
NOTA: 8,0

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